Talvez você ainda não conheça esse nome, no entanto seu significado é autoexplicativo: PANC, plantas alimentícias não convencionais. Trata-se de plantas, ou parte delas, que não consumimos simplesmente pelo fato da falta de costume ou por não conhecermos. Entrar nesse universo PANC exige uma boa dose de ousadia e também curiosidade.
Muitas plantas que decoram os jardins são alvo de estudos pelo seu valor alimentar e nutricional. Você pode ficar surpreso com a quantidade de opções de alimento que estão naturalmente à nossa volta. As plantas alimentícias não convencionais se qualificam para o consumo tanto in natura como também após algum preparo culinário. Elas englobam desde os frutos, frutas, folhas, flores, sementes, rizomas, além de outras partes das plantas que também são comestíveis.
A nome PANC foi cunhado e mencionado a primeira vez em um documentário de autoria de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi em 2008. Segundo os autores, “o conceito representado pelo acrônimo PANC é mais amplo, flexível e contempla melhor do que outras expressões usadas até então para tentar categorizar este grupo de plantas subutilizadas ou negligenciadas pelo grande público”.
Milhares de Opções de PANC
Antigamente, o número de culturas alimentares consumidas pela população era muito maior. Com o crescimento populacional das grandes cidades no século XX, e a consequente diminuição de contato com a natureza, muitos alimentos caíram no esquecimento.
Estima-se que o número de plantas consumidas pela humanidade caiu de cerca de 10 mil para pouco mais de 170 espécies nos últimos cem anos. No Brasil temos uma biodiversidade enorme com potencial alimentício, dentre eles, espécies pouco exploradas ou comercializadas e outros tantos ainda em processo de pesquisa e estudos.
Mesmo as plantas de antigamente que não consumimos mais são consideradas PANC; plantas que são consumidas usualmente em determinadas regiões do país e desconhecidas em outras, também são PANC.
Enquanto a planta ora-pro-nóbis é muito popular e faz parte da cultura alimentícia da cidade mineira de Sabará, por exemplo, ela é considerada uma planta PANC em outras partes do país.
Outro exemplo, dessa vez de uma planta subutilizada, são nossas bananeiras. Consumimos apenas sua parte convencional que são seus frutos maduros e desprezamos as cascas, os frutos verdes, as flores e o mangará (coração ou umbigo).
Algumas dessas plantas não convencionais são consideradas como “daninha”, prosperando muitas vezes em solos pouco férteis, que são considerados ou muito úmidos ou muito secos para o cultivo de hortaliças e legumes convencionais.
Para exemplificar, veja o Pepininho (Melothria pendula), o qual postamos uma receita de conserva aqui anteriormente. Ele cresce abundante na Amazônia e no Sudeste, em áreas abertas em jardins e pomares. No entanto, em locais onde o seu costume de consumo não é apreciado, acaba caindo na vala comum da planta “daninha” e assim, desperdiçado.
Existem também as espécies que deixaram de ser PANC. A rúcula que consumimos hoje representa um bom exemplo, pois anteriormente era considerada apenas “mato”.
Como Saber se é PANC?
Identificar uma PANC é tarefa para pesquisadores e cientistas, uma vez que elas precisam passar por testes de segurança e identificação nutricional. Assim, na dúvida pesquise em fontes confiáveis e sempre pelo nome científico da planta.
Saiba que nem toda PANC pode ser consumida inteiramente. Algumas tem o fruto comestível, mas as folhas são tóxicas, outras tem as flores comestíveis, mas dão origem a frutos que não são próprios para o consumo. Além disso, existem outras que não devem ser consumidas in natura e precisam passar por um processo de cozimento para que se tornem adequadas para o consumo.
Veja a seguir alguns exemplos de PANC que talvez você não conheça. Além disso, acompanhe nosso site, pois já mencionamos algumas delas em artigos anteriores como a Samambaia Trepadeira e a Cordyline Fruticosa. Assim como, na nossa categoria de receitas colocaremos muitas ideias de preparo de plantas não convencionais.
PANC Plantas Alimentícias Não Convencionais
Em geral, as PANC são alimentos alternativos altamente nutritivos, de fácil acesso e que muitas vezes crescem espontaneamente na natureza. No entanto, recebem nomes como “mato”, “daninha”, “invasoras” e “infestantes”, sobretudo pela ausência de informação.
Que tal conhecer um pouco mais das plantas da sua região? Pergunte, pesquise, seja curioso, visite feiras de produtores com seus familiares e experimente o que você ainda não conhece e saia da monotonia alimentar. A ideia é enriquecer e ampliar suas opções.
É importante ressaltar que sempre devemos procurar pelas informações corretas antes de consumir uma planta desconhecida. A identificação errônea ou o uso inadequado podem causar diversos problemas nocivos à saúde.
Jambu (Acmella oleracea)
Ela está disponível durante todo o ano nas feiras da Amazônia, no entanto, não é muito conhecida no restante do país. Utilizada principalmente como tempero nos pratos típicos da região, como o tacacá e o pato no tucupi, o Jambu também serve para dar sabor à sucos, licores, pães, patês, sopas e panquecas. É também conhecida popularmente como Agrião-do-Pará e Agrião-do-norte. (Foto do topo do artigo)
Aipo-chimarrão (Cyclospermum leptophyllum)
Nativo do Brasil, ele se assemelha ao coentro e a salsa e suas folhas têm um odor característico quando amassadas. Embora o Aipo-chimarrão ocorra desde a Região Sul até o Nordeste, ele é mais comum no Sul e no Sudeste. Tanto as flores como as folhas são comestíveis e seu uso é comum como condimento para temperar carnes, peixes e aves e também em saladas.
Gigoguinha (Heteranthera reniformis)
É uma erva que ocorre geralmente em brejos, lagoas e açudes do centro-sul do Brasil. Com suas folhas muito decorativas, a Gigoguinha ela é comumente utilizada em laguinhos de jardim. Você pode consumir os ramos e as folhas cozidos e acrescentar em refogados e panquecas. Ela recebe muitos outros nomes populares como Gigogua, Pavoa, Hortelã-do-brejo, agriãozinho, Aguapé-do-arroz, Agrião-do-brejo e Aguapé-mirim.
Picão-preto (Bidens cynapiifolia)
Nativo do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, as folhas jovens do Picão-preto são para consumo tanto cruas quanto cozidas, para o preparo de saladas, sopas e caldos. Além disso, seu sabor agradável permite o uso em chás e bebidas fermentadas. Ela tem outros nomes populares interessantes como Amor-seco, Carrapicho, Carrapicho-agulha e Picão-preto-amazônico.
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